sábado, 8 de abril de 2006

À lei de Murphy

Cillian MurphyMurphy, Cillian Murphy.
Neil Jordan dirigiu e elaborou o argumento, adaptado do romance de 1998 «Breakfast on Pluto», do escritor irlandês Pat McCabe.
Jordan arriscou! Adaptou ao cinema uma fabulação que mexe com questões fracturantes como a homossexualidade, a inadaptação pelo género e a homofobia; a política e o terrorismo; a religião e os seus zelosos dignitários.
Mais, Jordan necessitava de um Actor – de letra capital!
No que toca ao argumento, Jordan ficou-se pela rama, não foi ao fundo da mina que lhe poderia ter trazido o ouro dos galardões ou então a negridão da hulha que poderia contribuir para a fossilização de um mito.
Jordan lembrou-se de Murphy. Da lei, como se de uma profecia se tratasse, um oráculo celta que lhe transmitia que se algo pode correr mal, esse mal decerto ocorrerá.
Jordan, no fundo, não arriscou na prospecção do conteúdo da mina, cobriu-se de um argumento que dependia de um actor, como disse anteriormente: do Actor.
Brotou Murphy – o Actor – de nome Cillian, o irlandês de 30 anos.
A lente, a câmara, faziam depender os seus movimentos do grau de genialidade do protagonista. O rasgo deste último era o caminho do sucesso do filme e, logo, Jordan arriscou!
Foi esta dualidade, este hermafroditismo de sentimentos, que se me assaltou perante o fundo negro da tela com letras desenhada a branco projectando “The End”.
Sobre o filme terei que reflectir mais uns dias ou, porventura, revê-lo.
Sobre Cillian, magistral seria um qualificativo depreciativo da grandeza da interpretação. É o filme de Cillian e não de Jordan ou até – porque não? – de Neeson ou de Rea – ofuscados pelo glam!

Notas:

  • Lembram-se do estrangulador de bigode ralo que percorria as ruas de Londres a bordo do seu carro de luxo? Sim, esse mesmo que canta… Bryan Ferry!
  • Ver aqui a opinião de Ricardo Gross e aqui a de Luís Mourão.

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