sexta-feira, 12 de maio de 2006

Da grande encarrilhada

Encarrilhado!Por uma questão meramente valorativa assumi como princípio, pessoal e intransmissível, postergar um dicionário que por aí circula, obrado pela Academia das Ciências de Lisboa. Para minha felicidade o nosso mercado global e fortemente concorrencial permite-me a aquisição e/ou consulta de outras obras lexicográficas – Houaiss, Aurélio, Grande Dicionário da Porto Editora – mais ricas e sem presunçosos e sectários atavios.
Todavia, recomendo à Academia a introdução do vocábulo encarrilhar e todas as suas consequentes derivações.
Cabe-me, então, estabelecer o ponto de partida para o estudo vocabular de fundo:
«Verbo transitivo: culpar; responsabilizar; admoestar; incriminar; não admitir culpa própria.
Exemplos: "encarrilho os senhores jornalistas pela minha derrota" ou "ele foi encarrilhado pelos comentadores políticos".
Verbo intransitivo: conspirar; lançar libelos indiscriminados.
Exemplos: “Como não tinha nada que fazer, passei a tarde toda a encarrilhar” ou “acordei tão mal disposto que desatei a encarrilhar”.
Verbo reflexo: desproteger-se; suicidar-se; colocar-se em embaraços; tornar-se por vontade própria num alvo em movimento.
Exemplos: “estou tão deprimido que me dá vontade de me encarrilhar” ou “o teu discurso foi tão disparatado que acabaste por te encarrilhar” ou “agora é que me encarrilhaste!"»

Depois desta sugestão à ufana Academia – que espero que se consiga elevar ao alto daquela torre de marfim – deixo ficar a referência a três textos de leitura indispensável:

Nota: Depois de tudo isto, irei à minha despensa e retirarei da caixa de sapatos, colocada na última prateleira, a minha carregada Walther PPK e pensar seriamente, enquanto a afago, se me hei-de ou não encarrilhar!

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