sábado, 16 de setembro de 2006

Ambivalências

Este pequeno ensaio – sem pretensiosismo – auto-irónico surgiu como réplica da minha sentidamente dilacerante luta interior – a verdadeira cosmogonia do meu ser.
Foi como uma resposta das minhas entranhas, meramente física e até extrospectiva, que se consubstancia na tal luta, porém desigual – desproporcional, como está na moda –, entre a metade que faz de mim um ser enfadonho, ortodoxo, cientista – de formação, “deformação?” –, diligente, porventura um filisteu, e a metade que representa o meu Eu devaneante, desregrado, espontâneo, heterodoxo e talvez um pateta de um diletante, um amante estouvado da Literatura.

Meu caro
Sérgio, foi precisamente isto que afirmaste – «Se uma frase (…) valesse por um livro, seria sempre a primeira. Define o tom e o sentido, obriga o escritor a seguir por um só caminho, num ritmo apenas; de contrário, o livro não presta – e afirmo isto como se falasse de alguém vivo.» – que pretendi escrever, mas, na realidade, faltou-me a coragem para dar esse passo, a ousadia que o meu Eu filisteu pensou que só poderia advir – tal como me adestraram – da formação académica, do versado em letras, como um ensinamento esotérico que jamais estivesse ao meu alcance.

E é isto que tudo aquilo significa:
«Uma gigantesca encenação, e isso é um prazer enorme.»

E é por isso que despenderei os meus recursos num Ellroy que nunca li; acrescentando-se um De Palma que idolatrava nos meus tempos de adolescente – desde que vi Carrie no Fantasporto – cujas últimas viagens marcianas e serpentes com olhos de Cage me desiludiram profundamente.
Será De Palma de regresso ao Mestre Hitchcock? (Destaco “Blow Out”, “Vestida para matar” e “Testemunha de um crime”).

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