terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Travels in the Scriptorium

«O velho está sentado na beira da cama estreita, as palmas das mãos abertas sobre os joelhos, a cabeça baixa, a olhar fixamente para o chão. Não faz ideia de que há uma câmara colocada no tecto directamente por cima dele. O obturador dispara silenciosamente uma vez por segundo, produzindo oitenta e seis mil e quatrocentos instantâneos a cada revolução da terra. Mesmo que soubesse que estava a ser observado, não faria qualquer diferença. Tem o pensamento noutro lado, perdido entre os fragmentos da sua cabeça enquanto procura uma resposta à pergunta que o assombra.
Quem é ele? O que faz aqui? Quando chegou e por quanto tempo permanecerá? Com sorte, o tempo encarregar-se-á de nos contar. De momento, a nossa única tarefa consiste em estudar as fotografias o mais atentamente possível, contendo-nos a retirar qualquer conclusão precipitada.
»

Paul Auster, Travels in the Scriptorium [Tradução: 1.º parágrafo: jornal Público; 2.º parágrafo do inglês: AMC]

Enquanto o velho se descobre a si mesmo nessa cela prodigiosamente austeriana, nós, portugueses amantes da língua e cansados da pátria, teremos de esperar pela edição traduzida que, fazendo fé no artigo publicado no jornal Público de ontem (pág. 18 do tal caderno P2), só sairá para o mercado no próximo (que fina ironia!) mês de Setembro. Até lá não sairá neste blogue qualquer avaliação sobre o dito cujo – para manter alguma coerência (raridade!) com o critério por mim estipulado.
Em suma, até que a
Asa – detentora dos direitos de publicação em Portugal do escritor norte-americano – se digne a colocá-lo no mercado, por agora muito entretida em publicar a Floribela e uma resma de livros de auto-ajuda que, decerto, já deram o seu contributo para tirar este país da depressão que parecia crónica, com níveis de rendimento muito próximo dos concidadãos nórdicos, não haverá aqui qualificações ao novo romance de Auster – vamos a ver se aguento!

Só mais um cheirinho para abrir o apetite:

«Há um sem número de objectos no quarto e em cada qual foi afixada na sua superfície uma tira de fita adesiva branca contendo uma única palavra escrita em letras maiúsculas.» [Tradução AMC]

Para saber mais comprar o livro em inglês editado no Reino Unido pela editora Faber & Faber e nos Estados Unidos pela Henry Holt, ou em espanhol (Viajes por el Scriptorium) editado em Espanha pela Anagrama, ou em francês (Scriptorium) editado em França pela Actes Sud, ou em italiano (Viaggi nello scriptorium) editado em Itália pela Einaudi, ou até em dinamarquês (Rejser i scriptoriet) editado na Dinamarca pela Forlaget Per Kofod, e por essa estrada fora… (uma conclusão um pouco beatnik, não?)

2 comentários:

Anónimo disse...

Ou mesmo na Fnac, pelo menos na de Almada há 2 edições diferentes ´`a escolha.
abraço

Anónimo disse...

A versão inglesa do Reino Unido (editada em Outubro de 2006) e dos EUA (editada em Janeiro deste ano).
Adquiri, como é óbvio, a americana (é a que consta da imagem deste texto).
Abraço