sábado, 26 de janeiro de 2008

Da (triste) realidade

VII
[O rei vai nu ou a história de alguém que, de hoje em diante, irá percorrer o alcantilado, duro e tortuoso caminho da justiça portuguesa; grotesca e aviltante, kafkiana; promotora da desonra e do assassinato de carácter para os que não lhe conhecem as entranhas, nauseabundas, pútridas e ignominiosamente retorcidas; escorraçados do sistema pelo peristaltismo cúpido do poder.
Imperativo categórico: fiat justitia et pereat mundus.]

«Existe em Portugal uma criminalidade muito importante, do mais nocivo para o Estado e para a sociedade, e que andam por aí impunemente alguns a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade e não há mecanismos de lhes tocar. Alguns até ostensivamente ocupam cargos relevantes no Estado Português.»
António Marinho e Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados (declarações à Antena 1, 25/01/2008) [destaques meus]

VIII
[Da arrogância à ignorância. A sobranceria como afiguração de uma debilidade intelectual e espiritual percebida e insanável. Estreiteza. Apedeutismo. Filistinismo. Mediocridade. As duas faces da mesma moeda.]


«Aprendemos mais do que ensinamos, e os arrogantes vão continuar a sofrer de achaques, a contorcer-se, a espumar de raiva, a empalidecer, a esticar o nariz até tocar no tecto, como focas, a modular a voz até se assemelhar a um trombone, uma longa nota, estridente e cava, que não tem maneira de acabar. Deixemos a purulência arrogante refastelar-se na sua própria bílis.»
Sérgio Lavos, “
Os Outros”, Auto-Retrato

[Lema de vida: jamais serei arrogante, mas ignoro ser ignorante. Ainda agrilhoado na caverna, assistindo ao teatro de sombras onde se projectam os detentores da verdade suprema.]

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