quinta-feira, 6 de maio de 2010

festina lente

«Recebia a reforma de professor, mais o pequeno rendimento de um plano de poupança livre de impostos, e ainda os juros de uma velha caderneta bancária com os números escritos em caracteres simpáticos, entrecortados e pouco nítidos.
As estações sucediam-se numa amálgama, cada ano era uma névoa atordoada. Como o tempo nos livros. Num livro, o tempo escoa-se no hiato de uma frase, muitos meses e anos. Escrevendo uma palavra, passa uma década. Não é assim tão diferente aqui fora, na idade dele, no mundo sem margens.»
Don DeLillo, Submundo, p. 240. [Porto: Sextante, 1.ª edição, Abril de 2010, 840 pp.; tradução de Paulo Faria; obra original: Underworld, 1997]