domingo, 19 de dezembro de 2010

Filmes 2010: jogos preliminares

Como já expliquei, em texto anterior, a falta de tempo não me irá permitir que este ano exponha a teoria subjacente às minhas escolhas nas três áreas artísticas habitualmente sujeitas a balanço de final do ano neste blogue.
Assim, tenho de aproveitar as horas de bulício de listas de compras, de efervescência natalícia e de encandeamento das luzes ornamentais aqui em casa, para poder desistir das matérias mais elevadas (ou mais sérias, porque delas depende a minha subsistência), uma oportunista fuga mental, e conseguir escrever alguma coisa de aproveitável (e sem sentimentos de culpa pelo trade-off) sobre o ano cinematográfico, musical e literário.
Não acreditando que de hoje até ao final do ano me consiga deslocar a uma sala de cinema para assistir a um filme recentemente estreado, e usando a famosa e utilíssima técnica de edição de texto “cortar e colar”, aplicada à listagem completa dos filmes estreados em salas de cinema portuguesas durante o ano de 2010 (cerca de 270, em que incluí, por razões óbvias, os estreados a 31 de Dezembro de 2009, da mesma forma que não inclui os que irão estrear-se a 30 de Dezembro deste ano), cheguei a uma lista preliminar de 68 filmes vistos, entre os quais 30 merecem o meu elogio (13 de produção norte-americana) – apesar dos diferentes níveis de prazer cinéfilo que deles retirei: há os que admirei em toda a sua plenitude e aqueles que tocaram em alguns dos meus pontos sensíveis –, 20 foram classificados como indiferentes e 18 como medíocres (entre estes, também se contam 13 os produzidos nos Estados Unidos).
Sem mais delongas, eis os 30 melhores filmes de 2010 (por ordem alfabética do título em português), entre os quais sairá, em breve, a lista definitiva dos “10+” de 2010:
24 City, de Zhang Ke Jia (Er shi si cheng ji, 2008);
Águas Agitadas, de Erik Poppe (DeUsynlige, 2008);
Aquário, de Andrea Arnold (Fish Tank, 2009);
City Island – Segredos à Medida, de Raymond De Felitta (City Island, 2009);
Cópia Certificada, de Abbas Kiarostami (Copie Conforme, 2010);
Dos Homens e dos Deuses, de Xavier Beauvois (Des hommes et des dieux, 2010);
Entre Irmãos, de Jim Sheridan (Brothers, 2009);
O Escritor Fantasma, de Roman Polanski (The Ghost Writer, 2010);
Eu Sou o Amor, de Luca Guadagnino (Io sono l’amore, 2009);
Um Homem Singular, de Tom Ford (A Single Man, 2009);
O Laço Branco, de Michael Haneke (Das weisse Band – Eine deutsche Kindergeschichte, 2009);
Líbano, de Samuel Maoz (Lebanon, 2009);
Um Lugar para Viver, de Sam Mendes (Away We Go, 2009);
O Mensageiro, de Oren Moverman (The Messenger, 2009);
Meu Filho, Olha o que Fizeste!, de Werner Herzog (My Son, My Son, What Have Ye Done, 2009);
Os Miúdos Estão Bem, de Lisa Cholodenko (The Kids Are All Right, 2010);
Mother – Uma Força Única, de Bong Joon-ho (Madeo, 2009);
Na Senda dos Condenados, de Kari Skogland (Fifty Dead Men Walking, 2008);
Nada Pessoal, de Urszula Antoniak (Nothing Personal, 2009);
Polícia Sem Lei, de Werner Herzog (The Bad Lieutenant: Port of Call – New Orleans, 2009)
Presente de Morte, de Richard Kelly (The Box, 2009);
Um Profeta, de Jacques Audiard (Un prophète, 2009);
A Rede Social, de David Fincher (The Social Network, 2010);
O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella (El secreto de sus ojos, 2009);
Shirin, de Abbas Kiarostami (2008);
Shutter Island, de Martin Scorsese (2010);
Soul Kitchen, de Fatih Akin (2009);
Tudo Pode Dar Certo, de Woody Allen (Whatever Works, 2009);
A Última Estação, de Michael Hoffman (The Last Station, 2009);
Vencer, de Marco Bellocchio (Vincere, 2009).
Nota: no dia 23 de Dezembro irão estrear dois filmes. Por outro lado, há muitos ainda em cartaz sobre os quais os meus olhos não passaram. Como expliquei, estou convencido de que não terei oportunidade de ver nenhum deles. Todavia, se tal se verificar, qualquer ida à sala de cinema engordará a cifra dos 68 filmes vistos, e será posteriormente classificado segundo as três categorias acima referidas, que poderá interferir com esta listagem final – situação de ocorrência difícil perante o cartaz actual e apesar de O Mágico (L’illusionniste, 2010) se basear no argumento daquela figura esguia, terna e inesquecível que é o meu muito estimado Jacques Tati.